sábado, 5 de fevereiro de 2011

E MEU PAI VIAJOU...

Preâmbulo: Amanhã, 06 de fevereiro: três anos que meu pai viajou, daquelas viagens sem volta pra essa nossa terra. Foi pro céu, com certeza! E acredito que foi sorrindo, do jeito que ele costumava aparecer. Na época, escrevi uma carta pra ele. Tou postando agora, no meu blog, a mesma, em sua homenagem.


Carta ao meu pai

Pai

Tou com muita saudade de você. Sinto uma vontade imensa de lhe abraçar. Abraçar bem forte e sentir você bem perto de mim. Você sabe que eu sou meio tímida pra essas coisas de abraços e beijos, mas você bem sabe que eu gosto. Lá no hospital, eu não pude lhe dar um grande abraço, e até beijinhos era bem difícil de dar. Mas, eu tentei ficar bem perto de você com o coração e com a alma, e acho que foi uma boa forma d’a gente se abraçar. Mas, continuo com vontade de lhe abraçar! Tenho sentido ultimamente que lhe amo muito mais do que eu pensava. Eu sabia que lhe amava tanto e tanto, mas de repente sinto que amo mais que tanto e tanto! Por isso mesmo, sinto uma dor lá dentro, e quase nem consigo respirar de tanta saudade que sinto e da vontade de lhe dar um abraço bem abraçado.


Mas, fique tranqüilo, porque essa saudade é uma saudade boa, daquelas que faz bem à gente, porque sei que você tá bem, pois você merece! O amor que sinto por você me impede de querer ver você “porque quero”, pois antes da minha vontade, eu prefiro que a sua seja feita. Acho que isso é realmente amor.
Com certeza eu amo você tanto porque me senti muito amada por você sempre. Você me ensinou coisas maravilhosas e eu vi você fazendo coisas maravilhosas que me davam vontade de lhe imitar. Sei que nunca consegui chegar nem perto, mas ainda tento ser parecida com você. Aliás, numa espécie de competição saudável, todos os seus filhos querem ser parecidos com você!

Eu também queria lhe dizer que tenho muita sorte! Fui realmente abençoada por Deus, por ter você como pai! Você é o pai que eu queria ter! Contar tudo que você fez, pra mim e por mim, não cabe aqui.

Tenho lembrado uma foto minha com menos de um ano, que retrata um de nossos banhos de mar. Sei e senti, ao ver essa foto, que era algo muito especial! Você cuidava tão bem de mim, e às vezes até de forma exagerada, mas só sei que eu gostava! Acho que desde que eu nasci já me sentia especial e orgulhosa por ter você como pai.

Lembro também de sua presença constante na minha adolescência. E de algumas coisas que fiz fora do “seu” padrão, já adulta, e que mesmo assim você me compreendia e aceitava. Você sempre esteve do meu lado e sei que você também sentia orgulho de mim! Seus filhos estavam em primeiro lugar! Bem, pai, você bem sabe o quanto você me ensinou e me amou, através de suas palavras e de suas ações.

Queria lhe dizer também que a minha visão de mundo mudou muito nesses últimos meses. Nesse seu processo de partida daqui para a vida eterna, você continuou a me ensinar, de várias formas, até pelos acontecimentos diários, de dor, de esperança, de fé, de tristeza, de amor... Com você ou no seu entorno. E eu aprendi! Vi um outro mundo. Senti outras emoções. Passei a ver e a sentir a vida de forma diferente. Hoje sou uma pessoa muito melhor, com certeza.  Obrigada pai!

Enfim, pai, obrigada por tudo! Especialmente pelo exemplo de vida que você me deu. Em particular pelas vezes que dançamos juntos. Também pelas vezes que viajamos juntos. Viajar pra mim passou a ser uma das melhores formas de viver a vida! E, nas viagens, fossem longas ou curtas, você cantava e eu aprendi a gostar das suas músicas, e que “quem canta seus males espanta”.  


Com certeza, você agora vai continuar a dançar e cantar no lugar que Deus reservou pra você!

Bem, pai, dance! Dance muito, cante muito, mas não pense que vai se livrar das danças comigo não. Um dia eu também chegarei aí. Reserve uma dança especial pra mim! E também um abraço bem forte e especial.

Um beijo grande da sua filha

Ana Célia

Clique aqui para ver um vídeo:


2 comentários:

  1. Oi, Ana Celia... Linda a sua carta. Carito me mandou um link para um post no blog dele sobre seu pai, e estou tomando a liberdade de reescrever para você o que respondi para ele sobre Dr. Jessé:

    "Dr Jessé sempre foi para mim mais do que o pai de meu melhor amigo - foi um mentor. Ouvindo os conselhos dele, tenha sido diretamente ou por seu intermédio, aprendi muita coisa... posso dizer que seu pai ajudou a me formar como pessoa, e sou feliz de ter convivido com ele.
    Linda a frase: “morto amado nunca mais pára de morrer”. Esteja certo que ele é amado por mim também.
    Grande abraço,
    Paul"

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