sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

CANAL DU MIDI BY BIKE: De Carcassonne a Homps

Barco ancorado em Homps

Pedal no 3º dia
O TERCEIRO DIA: De Carcassonne a Homps

O despertar dentro de uma cidade histórica, medieval, é bem diferente do despertar à beira do Canal com a natureza ao redor. Apenas diferente, nem pior nem melhor.

La Cité, a parte antiga de Carcassonne e onde ficava nosso hotel, é um quase tumulto durante o dia e noite. Quero dizer entre dez da manhã e dez da noite que é o tempo em que ficam abertos os portões da cidade para turistas. É tanta gente pra uma cidade tão pequena, que fica até um pouco desagradável andar pelas belas ruas estreitas.

Ao acordar, e olhar pela janela, vi uma cidade vazia e sem alma. Ninguém nas ruas. Diferente de Toledo, na Espanha, onde pessoas ainda habitam na parte antiga da cidade, Carcassonne virou uma mera cidade turística, sem moradores. Ali, fora dos horários de visita, só fica quem está hospedado nos poucos hotéis dentro das muralhas e seus funcionários. O resto da cidade, fora seus monumentos, é só comércio. Muito bonito o conjunto arquitetônico, mas sem vida e muito “comercial”. Bom, esse foi meu sentimento.

Nas ruas de La Cité. Carcassonne
Depois de um bom café da manhã, saímos da cidade tranquilamente e já pedalando. A descida, como sempre, é muito mais fácil que uma subida. Como diz o ditado “pra descer todo santo ajuda”. Mas, não sei o porque, eu tenho certo medo nas descidas e sempre desço freando a bike.

Voltamos ao Canal e, após alguns quilômetros encontramos nossas amigas canadenses, a essas alturas já conhecidas pelos nomes: Katrin e Noemi (mãe e filha). 


Na hora desse “encontro”, presenciamos uma cena muito engraçada: Vários turistas pelo Canal “de burro”! É isso mesmo, nem de bike, nem de barco, e apesar de começar também com a letra “b”, era um transporte surreal para aquelas paragens, todos vinham em burros. De repente pensei que eu tava no meu nordeste brasileiro, só que com outras paisagens!

Eu, as canadenses e lá trás os turistas com os burros!
Nesse dia tivemos várias cenas pitorescas. Passamos por uma écluse (lock em inglês, e “comporta” pra a gente), onde o lokkeeper fazia esculturas e muitas delas enfeitavam o local (já tinha lido sobre isso na internet e nos livros). Em outra écluse, havia um café-bar e Santiago, entre uma cerveja e outra, “entabulou” um papo com o dono: ele falando francês e Santiago português misturado com espanhol! Não sei como “diabos” se entendiam...


as esculturas...

Santiago conversando com o francês da écluse!
Nesse dia paramos num restaurante pra “almoçar” (na verdade só fazíamos um lanche) e encontramos um casal francês que havíamos conhecido no dia anterior na écluse-créperie. Michel era carteiro e viajava na bicicleta dos correios! Comédie!

Michel e a bike dos Correios da França.

Antes de chegar ao nosso destino, Homps, ainda cruzamos com um acampamento de ciganos. Não sei o porquê, mas eu tenho um medo danado de ciganos... Passei numa “carreira” só!
O acampamento de ciganos ao fundo...
As cidades ou vilas que ficavam próximas ao canal nesse trecho eram: Montredon, Villemoustassou, Berriac, Trébes, Marseillete, Puichéric, La Redorte e, finalmente, Homps.

Falando nas cidades que cruzamos, me lembrei que em Trébes (uma vila super charmosa) paramos num café-bar bem na beira do canal. No ritual de “estacionar” a bike, tirar capacete, luvas, etc., nosso “plano de viagem” caiu na água. Quase uma tragicomédia, mas consegui salvá-lo e deixei-o ao sol pra secar...

Em Trébes, com nosso "plano de viagem" molhado...
Bom, finalmente, depois de uns cinqüenta quilômetros de pedal chegamos ao nosso hotel (tipo uma pousada), que ficava à beira do canal. Lá já estavam sentadas as nossas amigas canadenses, numas mesas no jardim. 


O hotel estava fechado, e só abriria em meia hora. Pode? Ficamos por lá conversando e esperando. O dono chegou e nos chamou pelos nomes. Pareceu-nos simpático à primeira vista. Depois, no decorrer do tempo, ele se mostrou um tanto arrogante, com uma “onda” que tinha sangue suíço e etc. e tal... 



Nosso hotel-pousada em Homps
Esse hotel, como a maioria da região, não tinha ar condicionado. Nas consultas que fiz por e-mail, todos diziam que não precisava porque as casas eram muito antigas com paredes super grossas e, logo, não fazia calor. Bom, na teoria até pode ser, mas fez calor. Talvez porque abrimos as janelas? Será que não podia abri-las pra manter a temperatura? Sei lá... Não entendo nada sobre isso... Mas, fora isso do calor, o hotel era legalzinho. Um certo charme às margens do canal...

Homps é uma linda cidadezinha. Praticamente com uma única rua, se conhece tudo rapidamente. Mas, é super gostoso ficar por lá, sentar num bar ou nos bancos que ficam na beira do canal e simplesmente curtir a paisagem!

Homps
Do Brasil havíamos reservado um restaurante famoso pro jantar: En Bonne Companie. Chegamos lá e nossa mesa estava nos aguardando. Mas, falando nisso vimos por lá ótimos e bonitos restaurantes a beira do canal!

O restaurante em Homps...
Depois de um excelente jantar, fomos pra “caminha”.

Ah! Esqueci de dizer que todo dia, assim que chegávamos nos hotéis, tínhamos que lavar nossas roupas. Levávamos uma pequena bagagem nas bikes, de apenas quatro quilos cada. O suficiente. Quem quiser fazer uma viagem desse tipo deve levar roupas fáceis de secar: umas três camisetas de gym de tecido tipo climacool ou climalite (ou blusas próprias de bike), duas calças ou bermudas de bike, short/bermuda jeans pras noites, roupas íntimas e um par de sandálias (fora a sapatilha ou tênis pra bike). 


E, se quiser leva também uma roupa mais “chique”, mas light, pra “se acaso” precisar (não precisa, pois os turistas na Europa andam “sem frescuras”).  Isso porque fomos no verão, claro. Na verdade só necessitamos disso mesmo. Com a experiência que já tínhamos do Caminho de Santiago, tudo deu certo!
Roupas lavadas, secando...


Santé!






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