segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Orient Express: A Viagem dos Sonhos (3)

RETOMANDO A HISTÓRIA DA VIAGEM...

Em Calais, andando pela plataforma já íamos admirando o majestoso trem. O Venice Simple Orient Express (o qual vou chamá-lo daqui pra frente apenas de VSOE) é realmente beautiful, glamuroso e encantador. Um charme!

Um detalhe do trem VSOE na plataforma em Calais....
Em frente ao nosso vagão, uma pose para fotos! Nosso "mordomo" já a postos para atender o pessoal do vagão B, se encontrava vestido com uniforme impecável nos moldes dos anos de glamour passados.

Pose na entrada ao trem...
San com nosso "mordomo", entrando no nosso vagão (o "B").
Aqui vale um parêntese: o VSOE tem 12 vagões-dormitórios, 03 vagões-restaurantes e um vagão-bar. 

Depois de acomodar nossas coisas na nossa cabine, e de sermos a ela oficialmente apresentados, fomos conhecer o trem.

Sobre as cabines, é melhor descrevê-las quase copiando o que tem no site (http://www.orient-express.com/web/vsoe/venice_simplon_orient_express.jsp): 
"As cabines são privadas e impecavelmente restauradas como nos seus antigos tempos de glória, com serviço de pessoal exclusivo.  Cada cabine tem um lavatório original com água quente e fria e, durante a noite torna-se um quarto confortável, completo com toalhas de linho e roupões.  As camas se convertem em assentos durante o dia, mantendo-se como um quarto de luxo. Instalações sanitárias estão disponíveis em cada vagão, luxuosas e mantidas nos mais altos padrões pelos comissários de bordo."
Detalhes da marchetaria na porta do lavabo da cabine...
Um brinde de boas vindas. Champanhe na nossa cabine!
Em  frente à nossa cabine. Os detalhes do charme da madeira...
Ao passarmos pelo piano-bar não foi possível resisitir e paramos pra tomar um drink. Lotado, com a maioria das pessoas em pé, o piano-bar fazia realmente jus à sua fama.

O Piano-bar.
Depois de curtirmos o vagão-bar, escutando as músicas vindas do antigo piano de cauda e tomando cervejas italianas acompanhadas de deliciosos petiscos, fomos conhecer o resto do trem, seus três vagões-restaurantes (o Cote d’Azur, o Etoile du Nord e o L' Oriental), sua loja, o trem inteiro enfim... Depois, fomos descansar um pouco na nossa cabine à espera da hora do jantar...

O JANTAR

Trocar de roupa numa cabine pequena, apesar de charmosa, não foi fácil. Dei uma saída enquanto San se trocava e me deparei com a vizinha no corredor, descalça e totalmente vestida no seu traje de noite. Ela meio que se desculpou por estar assim, mas entendi que ela estava fazendo o mesmo que eu: dando espaço pro marido se trocar e depois terminar de se arrumar, afinal mulher requer more time

Ao sairmos da cabine andando em direção ao nosso vagão-restaurante encontramos vários casais em suas elegantes roupas. Todos se dirigindo a um dos três vagões dos restaurantes ou ao piano-bar. Havia dois horários para o jantar, e preferimos o primeiro. As pessoas do segundo turno, faziam uma "horinha" no piano-bar ou descansavam nas cabines. O pessoal do primeiro horário, iam depois pro piano-bar...

Durante o jantar...
O jantar foi fantástico, comida excelente. O menu, todo preparado por um chef francês, sempre esteve perfeito. E, estava incluído no "pacote" (brunch e jantar no primeiro dia; café da manhã, almoço e chá da tarde no segundo dia). Mas, caso alguém quisesse optar por outra comida, poderia pedir "a la carte", e pagar por isso, óbvio. By the way, bebidas, eram sempre "por fora". Também o consumo no piano-bar era por nossa conta!
Capa do Menu do jantar (Jantamos no restaurante L'Oriental)
O Menu do Jantar...
Sobremesa! Macaron aux pistaches et griottines...
Docinhos (mignardises), para acompanhar o cafezinho!
Depois do jantar, o qual foi acompanhado por um delicioso vinho, pensamos em ir de novo ao piano-bar. Mas, estávamos "mortos" de cansados e só passamos por lá. Como sempre, com muita gente. Todos, ao som do piano, desfilando com seus drinks, especialmente com elegantes flutes de champanhe. 

Chegamos na nossa cabine, com seus sofás já transformados em camas, e "capotamos"!

Na nossa cabine, já transformada: com camas para a noite...


O SEGUNDO DIA

Acordamos no outro dia e solicitamos nosso breakfast, que foi servido em nossa cabine. Enquanto nos deliciávamos com as iguarias, desfrutávamos também de uma linda paisagem.

Café-da-manhã na Cabine...
Nosso trajeto original passaria pela Suiça e não pela Alemanha, como foi o caso. Houve uma mudança de última hora (essas mudanças de trajeto podem ocorrer, e estão avisadas no voucher e no site) devido a problemas nos trilhos suiços. Talvez por isso, não consegui ver as deslumbrantes paisagens dos Alpes descritas no site oficial do Orient Express, ou mesmo em blogs, como no artigo de um jornalista português que citei no texto 2 (http://www.rotas.xl.pt/0799/a02-00-00.shtm). As paisagens eram belas, mas não "deslumbrantes". Ou eu estava dormindo ao passar por essas "deslumbrantes paisagens", ou o novo trajeto não continha tanto deslumbre. Mas, justiça seja feita, as paisagens eram muito bonitas! Acho que estou sendo muito exigente...

Paisagens...
Depois do café, fomos "às compras". Antes de chegar na boutique do trem, ainda passeamos um pouco pelos vagões restaurantes, agora vazios, e pudemos apreciar melhor a arte em todos eles. Nos encontramos com alguns dos garçons, e conversamos um pouco. Um deles era casado com uma brasileira. Moravam na Itália e tinham um restaurante por lá...

Um passeio pelo trem...
E na volta, com as compras...
Feitas as compras, voltamos à cabine e pouco tempo depois fomos curtir o piano-bar. Dessa vez com uma boa champanhe francesa e, pra completar o glamour, uma premier cru

Nossa Champanhe...
Com o chefe do bar e um dos garçons...
Aproveito e copio aqui o que tem no site do VSOE sobre o piano-bar (ou vagão ou carro-bar):
"Famoso por seus deliciosos cocktails e atmosfera acolhedora o Carro Bar é o coração do Trem. É uma experiência única, íntima e elegante que lembra o tempo frequentado pela realeza, chefes de Estado e celebridades.  Transformado e desenhado por Gerard Gallet, o Vagão-Bar é o encontro ideal para desfrutar de uma conversa descontraída antes ou depois do jantar e para apreciar as habilidades do pianista. Vestir-se para a ocasião é parte da experiência. Enquanto você estiver relaxando no Bar, você pode refletir sobre esta questão: o que é mais antigo, o piano de cauda ou o vagão onde ele se encontra?".
Após o piano-bar fomos almoçar. Coincidentemente nos foi reservado o mesmo vagão-restaurante da noite anterior: o L'Oriental. Seguramente o mais bonito dos três!

Mas, essa, eu preciso contar: Como vimos que no jantar do dia anterior a comida era muita (várias pequenas entradas, uma entrada principal, o prato principal, a sobremesa e mais vários doces...), tentamos dar uma de expertos e comer apenas uma parte de uma das entradas. O que aconteceu?

O chef veio até nossa mesa, achando que não gostamos do tal prato e se oferecendo pra preparar outra entrada diferente. E, por mais que explicássemos que não era nada disso, de nada adiantou porque ele nos preparou outra entrada. Pois é, aí tivemos que comer mais! Hehehe! E quem diabo iria deixar outra vez um pouco de comida? Se assim fizéssemos, correríamos o sério risco de comer sem poder, pois apesar da comida ser "de primeira", meu estômago tem limites, né? Ufa!

No almoço, San com o chef  francês Christian Bodeguel.
Menu do Almoço...
Sobremesa: Tarte fine aux fraises de bois et aux framboises. Mousse légère á la noix de coco 
Após o almoço, um bom descanso na cabine e logo chegou a hora do "Chá das Cinco".  Um pouco tempo depois, chegávamos a Veneza, nosso destino.

O "Chá das Cinco", Como era verão, optamos pelo chá gelado!
Sobre nossa estadia em Veneza, bem como sobre as outras cidades que fizeram parte dessa nossa viagem de agosto, contarei em outros textos (ver em Inglatera, Escócia, Itália...).

Chegando em Veneza...
Em Veneza, esperando a lancha para nos levar ao hotel, também reservado pela Orient Express.
A viagem dos sonhos no famoso e lendário Orient Express, valeu a pena. Valeu meus sonhos!

E vale, cada palavra, o que tá escrito em seu site oficial:
"Uma obra de arte em si e um verdadeiro ícone de Art Deco, o lendário trem Venice Simplon-Orient-Express oferece uma viagem diferente de qualquer outro.  Romance, aventura e estilo estão todos intimamente ligados em viagens e passeios que cruzam a Europa, atravessando uma paisagem sublime em direção a algumas das cidades mais fascinantes do continente. Lindas cabines vintage, cozinha gastronómica e entretenimento a bordo fazem que a viagem seja animada neste trem icônico, uma das melhores experiências de viagem do mundo  — uma seqüência de momentos inesquecíveis".




quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Orient Express: A Viagem dos Sonhos (2)

E CONTINUANDO A VIAGEM...


Bom, enfim embarcamos no nosso primeiro trem em Londres, O British Pullman. Como já disse no texto 1, o trem principal, o Venice Simple Orient Express (VSOE), iríamos pegar em Calais na França, após a travessia do Canal da Mancha.

Mas o Pullman não ficava atrás. Muito lindo, o Pullman é um dos trens da Companhia Orient Express, "irmão" do renomado VSOE. Também possui carruagens dos anos vinte, totalmente recuperadas, como eram originalmente. 

British Pullman: A moveable feast of fine dining and fun
O British Pullman. Fonte: http://www.orient-express.com/collection/trains/british_pullman.jsp

UM POUCO DE HISTÓRIA...

O British Pullman
é um trem que percorre apenas a Inglaterra, como também outro "trem-irmão" o Northern Belle. Não é um trem para dormir, ou seja, não possui cabines e somente mesas,  com quatro ou dois lugares, no estilo do desenho abaixo, representando um dos vagões.
British Pullman - History
http://www.orient-express.com/web/uktr/british_pullman_history.jsp
Segundo o site do Pullman, o http://www.orient-express.com/web/uktr/british_pullman_train.jsp, o mesmo tem seu nome em homenagem a George Mortimer Pullman, "o pai" de viagens em comboios de luxo, e possui opulentos vagões, cada um com sua própria história para contar. 


Alguns desses vagões eram usados rotineiramente pela família real britânica, como o Audrey e o Phoenix (carruagem favorita da Rainha Elizabeth, a rainha mãe). Outros levaram políticos famosos como o Presidente De Gaulle (também o Phoenix) e Nikita Khrushchev. Outros fizeram parte do trem de funeral de Winston Churchill (como o Perseus). O mais antigo, o Ibis, data de 1925, enquanto outros (Audrey e Vera) foram quase destruídos por bombas durante ataques aéreos sobre a Victoria Station em Londres, em 1940. Muitas das carruagens foram retiradas de serviço nos anos 60 e 70, e foram compradas por entusiastas ou simplesmente ficaram deteriorando-se em algumas ferrovias.


Em 1977, o empresário James Sherwood começou a adquiri-las em leilões ou de proprietários individuais, com a intenção de restaurá-las para o "Palaces on Wheels" que George Pullman criou.  Um processo de renovação meticuloso fez com que cada carro (vagão) voltasse para a época suntuosa do seu glamour existente nos anos 1920 e 30. 

Desde que fez sua primeira viagem de passageiros em 1982 que o Pullman britânico, totalmente restaurado, tem realizado viagens de luxo para cidades históricas do Interior da Inglaterra. Ele também transporta passageiros de Londres até Folkestone, que fazem parte da viagem lendária que continua através de Paris até outros destinos além do Reino Unido, incluindo Veneza, Praga e Istambul, como foi nosso caso (Veneza).

No total, o Pullman conta com onze carruagens: Audrey, Cignus, Gwen, Ibis, Ione, Lucille, Minerva, Perseus, Phoenix, Vera e Zena. Cada uma com sua história (ver em http://www.orient-express.com/web/uktr/british_pullman_carriages.jsp). O nosso vagão, o Vera, foi bastante usado pela realeza em 1953, e pelo Príncipe Charles e a Princesa Anne em 1954, em suas primeiras viagens em trem. A sua decoração nas paredes de madeira (marchetaria) é feita principalmente de antílopes pulando entre palmeiras.

San, no Pullman. Atrás detalhes da marchetaria (antílopes pulando entre palmeiras)

VOLTANDO A NOSSA VIAGEM...

No Pullman. A beleza da louça, do abajour ...
Entramos no nosso vagão (Vera) e já descobrimos o glamour e a fantasia no clima e na beleza das "paredes" de madeira, nas peças com cara de anos 20, nos vitrais, em tudo que decorava o trem... Sentamos, ainda com cara e sentimentos de quem "enfim conseguiu fazer o que tanto desejava durante anos"... 

No British Pullman, sentada, a espera do brunch...
Após a partida do trem, nosso brunch começou a ser servido. Um bellini acompanhando o brunch, e começamos a viagem dos sonhos!

Com meu bellini. Cheers!
O Menu do bruch.
Muito legal a primeira parte da viagem. Teria sido melhor se não houvesse a tal travessia do Canal da Mancha pelo Eurotúnel. 


Já havia lido no site do Orient Express e também numa reportagem de um jornalista português Pedro Sampayo Ribeiro, a qual recomendo (http://www.rotas.xl.pt/0799/a02-00-00.shtml) que a travessia poderia ser feita num catamarã da própria empresa. Acho que teria sido fantástico. Mas, creio que só usam o catamarã quando não tem tanta gente no trem, pois com o trem "lotado" seria impossível atravessar tanta gente em tempo suficiente para continuar a viagem conforme o planejado e chegar a Veneza no dia seguinte. Então, nos restou a segunda opção: Por baixo da terra: O Eurotúnel. 

Essa foi, pra mim, a parte "ruim" da viagem. Saímos do trem (o Pullman) para diversos ônibus "de luxo" a fim de cruzar o canal pelo túnel. Não importa se o ônibus era de luxo, mas não gostei nada. Já havia atravessado o Canal da Mancha outras vezes, mas sempre "por cima", pelo mar. 


Pra quem nunca foi pelo túnel, é bom saber que o carro (ou o ônibus, como foi nosso caso) entra numa espécie de "container" o qual é que anda debaixo do canal, pelo Eurotúnel. O carro fica lá dentro parado e o tal "container" andando. Pra quem tem claustrofobia é uma loucura! Assim, passei em torno de quarenta minutos, com dor de cabeça pela pressão, olhando pra cima e vendo só um teto de ferro (ou sei lá de quê), e pra baixo, nada. Ufa! A essas alturas já estava maldizendo o tal do Expresso Oriente. Mas, passou. E o resto da viagem, valeu à pena. Só valeu!

Em Folkstone, Inglaterra. Na nossa chegada: Bandinha rememorando os anos 20 e 30.
Bom, mas antes de entrar nos ônibus, quando chegamos a Folkstone, uma bandinha tocando músicas dos anos 20 e 30 nos esperava. Foi fantástico!

Depois da travessia do Canal, chegamos a Calais e fomos ao encontro de nosso maravilhoso trem, o VSOE! 


Nossa primeira visão do VSOE na plataforma! Imponente!
Precisa de legenda? O VSOE ao meu alcance, enfim!
No famoso trem, a rota! Em cada uma dessas estações podem entrar ou desembarcar passageiros...
No próximo "capítulo" (o 3), contarei a continuação da história da nossa viagem, agora a bordo do VSOE: O legendário e luxuoso trem! De Calais, França, até Veneza! 




quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Orient Express: A Viagem dos Sonhos (1)

INTRODUZINDO...

Lá pelos meus treze ou catorze anos li o livro "Assassinato no Expresso Oriente" de Agatha Christie. Aliás, naquela época, acho que li todos os livros de Agatha, aqueles com Hercule Poirot (meus preferidos) e também os com Miss Marple. 

Acho que essa era a capa original, do que li...
Realmente, eu era uma leitora voraz (ainda sou, só que muito menos...). Lia desde os livros obrigatórios das escolas, até aqueles que eu escolhia por vontade própria, fossem os que encontrava na estante de livros da minha mãe ou os que comprava nas livrarias, ou ainda aqueles que encontrava nas bibliotecas da época... Temas variados. Dos romances ao terror de Allan Poe. Autores clássicos, autores contemporâneos, enfim, de tudo um pouco, ou de poucos, muitos! Bom, mas isso não vem ao caso.

O caso é que, depois que li o tal livro do Expresso Oriente, fiquei querendo viajar no trem. Assassinatos à parte, eu me fixei no trem. E, por anos a fio, me imaginava viajando nele. Essa imagem me perseguiu por muito tempo, mas sempre esbarrava no preço da tal viagem. Mesmo sem pesquisar a fundo, ouvia falar que era uma viagem caríssima. Mas, como sou teimosa, nunca desisti do tal sonho. 

Como dizem que "a ocasião faz o ladrão", no meu caso, a ocasião realizou minha imaginação, minha aspiração ou minha ilusão! Começamos a preparar a viagem de um importante aniversário de San, que seria em agosto do ano de 2010. Então eu disse: "Que tal passar seu niver tomando whisky nacional?". Aceita a proposta, comecei a engrandecê-la incluindo o Orient Express! Oras, se era uma data importante, porque não comemorá-la em grande estilo? 
Aí, tudo começou... E começamos a viajar nesse plano até a realização do mesmo. 

Iniciamos nossa viagem por Edinburgh na Escócia. Aliás, por um "erro" da TAP, iniciamos em Lisboa. Mas, depois fomos para Edinburgh, onde comemoramos o niver de San com "whisky nacional", conforme prometido. De lá fomos pra Londres, e na Victoria Station pegamos o famoso trem Orient Express rumo a Veneza. E, depois fomos pra Roma, nossa última parada, antes de voltar ao Brasil. Mas, aqui, vamos falar apenas da viagem no Oriente Express

O Trem VSOE.  Fonte: http://www.orient-express.com/collection/trains/venice_simplon_orient_express.jsp


O TREM ORIENT EXPRESS

A primeira coisa que todos perguntam é: "Se o trem é Orient, porque ele vai de Londres até Veneza (ou vice versa) e não vai pelo Oriente?"... Bom, vamos lá as explicações, ou seja, um pouco de história. 

Realmente no seu ápice, o famoso trem ligava Paris à Constantinopla (hoje Istambul). Desde a sua inauguração em 1883 até hoje, a sua rota foi alterada muitas vezes, por logística ou questões políticas. 

Considerado um dos trens mais luxuosos do mundo, viajava com passageiros burgueses milionários, artistas, políticos e até membros da aristocracia europeia. O apogeu do Trem ocorreu na década de 30. Entretanto, desde a Segunda Guerra que o trem começou seu declínio. Em 1962 a rota original do Expresso do Oriente foi colocada fora de circulação, deixando apenas o Simplon Orient Express que também foi substituído, no mesmo ano, por um serviço mais lento, chamado Direct Orient Express. Em 1977 o Direct saiu também de circulação, tendo sido sua última viagem de Paris a Istambul em maio do referido ano. 

De toda forma, o Expresso do Oriente teve seu periódo de grande fama, e, sabendo disso, em 1982, o empresário inglês James Sherwood inaugurou o serviço Venice-Simplon Orient Express (VSOE). Após comprar e renovar vários vagões Pullman das décadas de 20 e 30, hoje opera a rota entre Londres e Veneza. 

A Rota...
A partir de Veneza (ou de Londres) o lendário Simplon-Orient-Express (hoje VSOE), e outros trens da mesma companhia (Orient-Express) atuam no Reino Unido, e incluem partidas especiais em todo o mundo, como desde o Andes no Peru ao sudeste da Ásia (http://www.orient-express.com/collection/trains/trains.jsp). Podem ser viagens maiores ou até viagens de apenas um dia ou somente um jantar para celebrar algo especial, a vida a bordo é memorável. A empresa também é propietária de vários hotéis de luxo no mundo inteiro como o Copacabana Palace no Brasil e o famoso Cipriani em Veneza (http://www.orient-express.com/).

Quanto a nossa viagem no VSOE, acho que sua propaganda faz juz ao que ele representa: "Emoção, romance e puro prazer, é o que se tem em viagens que ligam as grandes cidades europeias. As aventuras de célebres personalidades históricas ainda são palpáveis ​​hoje, nas originais carruagens dos anos 20 recuperadas, com seus painéis de vidro Lalique, fogões a lenha e marchetaria Art Deco".



E O COMEÇO DA VIAGEM NO ORIENT-EXPRESS (Dos preparativos à estação em Londres)...

A viagem toda foi uma onda, desde os preparativos. Tivemos que escolher (ou comprar) roupas "chiques" pra usar no trem. A do jantar, que era a principal, mas também as que usaríamos durante o dia. Sobre o dress code tem uma rigidez num ponto: jeans e t-shirts, jamais! E, no jantar, os homens devem ir no mínimo de terno escuro com gravata (a maioria vai de black tie) e as mulheres em traje de coquetel. No mais, estar bem vestida, sem precisar de muita formalidade, está muito bem. Vale um smart casual, como dizem...

Apesar do dress code, vi umas "marmotas". Muitas mulheres super finas e elegantes, mas em compensação, tinham outras que nem dá pra falar.... Bom, gosto não se discute, né? Quanto aos homens, sempre é mais fácil, basta um terno legal e a aparência fica ótima! By the way, tinha um casal totalmente "over" e ninguem falou nada. Apesar da "proibição" do jeans e camiseta, o casal usou o "proibido" logo na entrada, enfim...

Deixando de lado as "fofocas", vamos ao nosso sonho, ou a realização dele. 

Saimos de nosso B&B em Londres, totalmente vestidos "para matar" (parodiando o filme homônimo, e pensando no livro de Agatha). "Embecados", como dizem, tomamos nosso breakfast, e lá mesmo na sala, uma inglesa elogiou meus sapatos! Vejam só, brazilian shoes! E ainda chamou as coleguinhas para verem! Fiquei meio encabulada, mas adorei, of course

A Estação Vitória, de onde partiria o famoso trem, estava a menos de dez minutos a pé de nosso hotel, e lá fomos nós puxando as malas. Só pra dar umas boas risadas: elegantes e literalmente puxando malas! 

Lá chegando, nos dirigimos pra sala VIP do Orient Express (que tínhamos visitado na véspera, pra não haver erro). Ah, mas antes sentei num banco da estação e  troquei meus sapatos, porque não dava pra ir a pé de salto... 

Na Sala do Orient Express, na Victoria Station, Londres. 
Na sala já havia um monte de gente, e uma pequena fila. Fizemos o check-in, e uma mulher muito "alinhada", ao meu lado, entregou um vestido assinado por Stela McCartney... Hummmm... Todos entregavam seus vestidos "de noite" ou seus ternos, para serem guardados e levados diretamente às nossas cabines, junto com pequenas malas com o essencial para os dois dias de viagem. As malas maiores iriam direto pra o vagão de bagagens e não teríamos acesso às mesmas até chegarmos em Veneza. 

Ficamos um pouco por ali, tomamos um café, tiramos fotos, admiramos o vai-e-vem das pessoas... E, de repente chega o trem! Uau! Nosso primeiro trem, o British Pullman (pois o VSOE  estaria nos esperando em Calais, apos a travessia do Canal da Mancha).


Na plataforma, San em frente ao vagão Zena, do Britsh Pullman (construído em 1928 e usado no filme "Agatha" sobre Agatha Christie, de 1976)
Fotos e mais fotos, e eis que chega a hora de embarcarmos. Pela plataforma, caminhávamos como se fóssemos para um paraíso. Enfim, era isso que esperávamos dessa viagem! 

Na entrada de nosso vagão: Vera (construído em 1932). Em homenagem a minha amiga Vera?  Hehehe!
No próximo texto (o nº 2) contarei mais sobre essa viagem tão sonhada!


Dentro do trem! Vejam os detalhes em madeira. Lindo!