segunda-feira, 30 de abril de 2012

MINHA MÃE CONTADORA DE HISTÓRIAS 2

Tem tantos "causos" que minha mãe conta... Já deveria saber todos "de cor e salteado" pois ela gosta de contá-los, e por isso os repete de vez em quando... Um aqui, outro acolá... E,  nesse gostar de "re-contar" os "causos" acho que tem aí o sabor de lembrar do seu passado, da sua infância, das pessoas que fizeram parte de sua vida. Uma volta a um tempo feliz, acho...

Esse "causo" que vou contar agora não tem como não ser intitulado de "A Nêga Aída". Sei que pode parecer preconceituoso, mas "a nêga" era um apelido carinhoso dado à Aída, pela própria. Assim todos a chamavam carinhosamente, pois ela era muito querida, e não porque fosse meiga, gentil, ou coisas do gênero, mas porque era alegre, sabia viver a vida, era quase "doida" pr'aqueles tempos!

Aída não pertencia a nenhuma ópera, e sim a uma vida real. Era irmã de Ana, babá de meu tio, e que depois ficou na casa dele até que partiu desse mundo. Aída também trabalhava na casa de minha mãe, aliás da minha avó. E era "danada". Assim sendo, tem muitas histórias dela pra contar. Vou contar umas que lembro...

Aída tinha dois namorados. Podemos chamá-los de João e Pedro. Segundas, quartas e sextas era dia de João. Terças, quintas e sábados, de Pedro. Não sei como ficava o domingo. Minha mãe conta que meu tio Darce (Dú) e seu primo Vinicius, ficavam escondidos e quando aparecia um dos dois namorados, eles começavam a gritar: "Aída, esse é qual? é João ou Pedro?". Ela voltava danada da vida pra "enredar" a minha avó, até que um dia um dos namorados se invocou com os gritos acusadores do meu tio e seu primo, e ela perdeu o namorado...

Outra vez, já com outro namorado (era namoradeira essa Aída!), ela ficou de se encontrar com ele no final da Av. Deodoro. Nessa época, a rua (ou avenida?) Deodoro era meio escura... Saiu de casa, viu alguém na tal esquina, pegou-o "pelo braço" e foi-se toda faceira passeando até a Praça Pedro Velho que era mais iluminada. Lá, percebeu que não era o tal namorado. Contou isso a minha avó, e ela lhe perguntou "Mas Aída, e você fez o que?". Ela prontamente respondeu: "Fiquei com com ele madrinha, já tava trocado mesmo...".

Entre outras histórias, minha mãe disse que minha avó gostava de umas "siestas" todo dia após o almoço. E os dois irmãos, ela e meu tio, juntamente com Aída, se aproveitavam dessa "siesta" para fazer "artes". Iam tomar banho de rio, tirar mangas das mangueiras, subir nas árvores, etc. e tal. Numa dessas artes, minha avó resolveu dar uma surra em meu tio, e Aída na tentativa de defendê-lo, levou a surra junto com ele.


Bom, mas parece que Aída com suas "artes" se perdeu por aí. Minha mãe conta que a viu uns tantos anos depois no Rio... E, embora perdida por esse mundo afora, Aída é encontrada muitas vezes passeando pela memória da minha mãe...







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